sábado, 22 de abril de 2017

Cabo Frio em busca de Tedania brasiliensis

CABO FRIO

(18/01/2017). Excursão relâmpago para obter três espécimes de Tedania brasiliensis  que deveriam ser transportados vivos até o Rio de Janeiro. O material foi acondicionado em sacos plásticos reforçados fechados hermeticamente (Whirlpack), e transportados em "cooler" com gelo até a UFRJ.

Mergulhar com a equipe da Litoral Sub é sempre muito prazeroso. A embarcação é excelente, a equipe é 100% profissional e cordial, e os cientistas sempre são tratados de forma especial. Sempre damos um jeito de ir durante a semana, pois aí, não raro, temos o barco todo para nós. Mas, nada disso teria o valor que tem, não fosse o mar de Cabo Frio a jóia que é em termos de diversidade de esponjas e beleza cênica. Os ICs ficaram à bordo no apoio de superfície, enquanto Eduardo e Dora submergiriam à cata de Tedania brasiliensis.

A esponja calcária Clathrina aurea e sua coloração cítrica são sempre uma visão gratificante nos mergulhos, dando a aparência de que há um led aceso dentro da loca, ou debaixo do matacão, tamanho seu destaque frente ao resto das incrustações. Como não aparecia Tedania brasiliensis, íamos clicando uma espécie aqui, outra ali, naquele intuito utópico de conseguir um dia a imagem perfeita.

Esse tipo de imagem, que ilustra de forma mais abrangente o ecossistema de costão rochoso e alguns dos principais componentes do bentos, é mais difícil de obter por requerer água com maior transparência. Temos utilizado câmeras compactas ultimamente, por sua praticidade e menor custo. Isso nos restringe em termos de acessórios, com os quais poderíamos contrabalançar um pouco esse tipo de condição adversa. O resultado aqui até que esta bastante satisfatório. Duas esponjas, Arenosclera brasiliensis (branca) e Geodia corticostylifera (laranja), uma gorgônia Phylogorgia dilatata (orelha de elefante), e uma estrela do mar Echinaster brasiliensis, todos conspícuos representantes das comunidades bentônicas nesta área (Arraial do Cabo, Cabo Frio, Armação dos Búzios).

Espécie descrita no ano 2000, com a curiosa distribuição Rio de Janeiro e Maranhão, ainda não encontramos Tedania brasiliensis em outros locais. A espécie foi trazida em gelo ao Rio de Janeiro para isolamento de elementos de sua microbiota associada.

Quando se tem apenas uma chance de conseguir o material almejado, é inevitável que o coração responda com discreta taquicardia à constatação de que com 20 min de mergulho ainda não tínhamos encontrado sequer um espécime da espécie. O primeiro apareceu aos 24 min (9 m de profundidade), o segundo aos 33, e o terceiro, e último necessário, aos 38. Ufa!!




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