domingo, 17 de abril de 2016

TB'16 - Expedição TAXPOmol Biodescoberta 2016 (Dia 06)

PEMPRIM

ou


Parque Estadual Marinho da Pedra da RIsca do Meio
(Fortaleza, CE)

Em 12/04, finalmente chegou o dia. Em 2014 não tínhamos conseguido uma data, mas agora, finalmente, tudo certo para a 1a coleta na Pedra da Risca do Meio desde 2004, quando Eduardo a visitou pela primeira vez e conseguiu-se grande quantidade de material biológico para estudos de quimiodiversidade e bioatividade (farmacologia/farmacognosia). Não por acaso, a expectativa era enorme. Afinal, por mais relaxante e por vezes até mesmo proveitoso que sejam os mergulhos em piscinas do entremarés, é no infralitoral, especialmente abaixo dos 15-20 m de profundidade que as esponjas começam a se mostrar mais "desavergonhadas". Não me recordo se essa informação já entrou em alguma brecha deste blog, mas acho que vale ressaltar: 80% da biomassa bentônica (seres vivos que vivem sobre o/no leito marinho) obtida entre Cabo de São Tomé (RJ) e Salvador (BA) pelo Programa REVIZEE constitui-se de esponjas (Lavrado HP, 2006. Capítulo 1. In: Lavrado HP, Ignácio BL (eds). Biodiversidade bentônica da região central da Zona Econômica Exclusiva brasileira. Museu Nacional, Série Livros 18, Rio de Janeiro.).


O PEMPRIM situa-se a cerca de 20km do Porto do Mucuripe, e a traineirinha que nos levou até lá tomou bons 90 min para alcançar o local. Solicitamos que fosse um ponto com boa complexidade tridimensional, tendo-se então decidido que a própria Pedra da Risca do Meio era a melhor opção para o 1º mergulho. O 2º foi planejado para o Cabeço do Arrastado, e acabou sendo aquele que mais agradou à equipe de pesquisadores. O mergulho foi acertado com a empresa Mar do Ceará (http://mardoceara.blogspot.com.br/2015/07/parque-estadual-marinho-da-pedra-da.html), através de contato direto com Marcus Davis, Diretor de Cursos e Operações. Mapa retirado de www.brasilmergulho.com/port/points/ce/

Reparem que na propaganda institucional da Mar do Ceará esponjas aparecem em destaque. Aqui, uma Agelas (Agelasida), que está mais para uma Barreira Biogeográfica, que para um singelo espécime de esponja do mar.

Certamente uma das esponjas mais bonitas do Brasil, a Geodia corticostylifera (Tetractinellida). Ocorre em abundância no litoral norte do Estado de São Paulo, de onde pesquisadores paulistas obtiveram material biológico para importantes estudos de bioatividade que revelaram que os geodiamolídeos são capazes de deter a proliferação de células tumorais (Freitas VM, Rangel M, Bisson LF, Jaeger RG, Machado-Santelli GM. 2008. Journal of Cellular Physiology 216, 583-594). A espécie é conhecida de amplo segmento do litoral brasileiro, e também de algumas localidades no sul da Região do Caribe.


MNRJ 20065, momento em que o espécime de Monanchora arbuscula é coletado. Essa é uma das duas espécies alvo da Tese de Doutoramento de Camille, que pretende estudar a metabolômica e metagenômica da espécie ao norte e ao sul da foz do Amazonas. Humberto obteve materiais da Martinica em Março. Nos próximos dias deveremos estar coletando em Fernando de Noronha. E em Julho, já está certa a ida a Bocas del Toro (Panamá), onde obteremos mais material comparativo. 

Humberto conseguiu mais algumas Dragmacidon reticulatus (Axinellida) no mergulho. Só não conseguiu fotografa-las in situ.

No que depender das camisetas, é sem sombra de dúvidas uma equipe unida! À frente, Camille, Cristiana, Sula e Eduardo. Atrás, Humberto, Fábio e André. Mais ao fundo ainda, Fortaleza! A foto não indica sequer minimamente o enjoo generalizado que mais do que todos, deixou Eduardo fora do páreo da coleta. 


Publicação de taxonomia derivada da coleta de 2004, em que se descreveu a espécie Sigmaxinella cearense (Biemnida), 1º registro do gênero para o Oceano Atlântico.

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