domingo, 10 de abril de 2016

TB'16 - Expedição TAXPOmol Biodescoberta 2016 (Dia 02 - 08/04/16)

2º dia de expedição: 1º dia de coleta - alvo: Praia de Pedra Rachada (Paracuru). "É de Doblô que eu Vô!" Com nossa agregada da UFAL, ofiuróloga, lotamos a Doblô até o gargalo. Materiais de coleta e de mergulho sob os pés e como assentos de todos. Aproximadamente duas horas de viagem rumo a uma maré negativa (-0,1 m), uma preciosidade para o estudo do entremarés. A praia foi escolhida após análise do litoral norte cearense no Google Terra.

Praia de Pedra Rachada, em Paracuru (CE), ilustrando o amplo setor recifal, e presença de pier da Petrobras. Google Terra. 

Na 1a fila, Sula e Eduardo. No meio, Lilian (ofiuros), Cristiana e Camille. Ao fundo. André e Humberto.

Relativamente poucas piscinas, muito rasas, e com cobertura predominante de algas. Parecia que não seria uma boa coleta. Ao contrário do que havíamos visto em Alagoas, aqui as armadilhas para peixes estavam totalmente desprovidas de esponjas. Portanto, o objetivo logo passou a ser alcançar o pier, na esperança de encontrar aí mais esponjas.

Procurar nós procuramos. Aqui, Eduardo buscando espécimes nas pequenas locas que se podia encontrar.

Já no bordo do recife, apesar da falta de poças e piscinas onde se pudesse mergulhar, alguns blocos soltos de arenito ilustravam a diversidade que se pode encontrar no local. Entretanto, como chegamos algo atrasados para a maré baixa, não nos restou tempo para explorar adequadamente o setor. Após a coleta da 1a amostra as ondas já começaram a lavar o bordo recifal, e colocar em risco os equipamentos, pois vai-se a água-clara das piscinas e poças, e vem a água muito turva do bordo externo.

Sob o pier da Petrobras havia uma piscina ampla, porém também muito rasa, e pobre em recobrimento de poríferos.

Passado o pier, segimos afastando-nos em rumo oeste, e para surpresa de todos encontramos uma piscina repleta de esponjas. De cara passou a ser nossa Piscina Paraíso. Aqui, André fotografa o Paraíso. 

MNRJ 18928, Cinachyrella sp. O Paraíso estava lotado destas esponjas que apesar de não planejado originalmente, prestam-se perfeitamente para nossos estudos de conectividade Brasil - Caribe, pois são amplamente distribuídas no Atlântico Tropical Ocidental, ao menos da Flórida à São Paulo ou Santa Catarina. Mas há um porém ... as duas espécies C. alloclada e C. apion, são indistinguíveis em campo. Assim, somos forçados a coletar mais espécimes para assegurar que ao fim tenhamos um número amostral satisfatório.

[http://www.marinespecies.org/porifera/porifera.php?p=sourceget&id=156345 - link para o Catalogue of Brazilian Porifera de Muricy et coll. (2011), onde nas páginas 169 e 170 se encontra uma compilação dos registros destas espécies para o Brasil e o mundo 
]

MNRJ 20067, uma provável Haliclona coletada pelo André no Paraíso. Buscamos agora a confirmação molecular das novas espécies propostas em seu mestrado com base em caracteres morfológicos apenas.

MNRJ 18929, Dragmacidon reticulatus. A espécie é um de nossos alvos prováveis para os estudos de conectividade Brasil - Caribe. O plano é estudar sua metabolômica (Humberto Fortunato/UERJ) em colaboração com a França (Institut Méditerranéen de Biodiversité et d'Ecologie, Marselha), e sua citologia (Sula Salani/UFRJ) em colaboração com a Bélgica (Institut royal des Sciences naturelles de Belgique, Bruxelas). Nosso colega colombiano, Prof. Dr. Sven Zea, também manifestou interesse em participar deste estudo, como forma de melhor compreender a variabilidade que observa em seu país. 
MNRJ 20071, Placospongia cf. cristata, outra espécie candidata às comparações Brasil - Caribe. Infelizmente a taxonomia deste gênero está longe de estar consolidada, e não há ainda um estudo integrativo detalhado para estabelecer os reais limites entre espécies no Atlântico Tropical Ocidental. Quatro nomes foram utilizados para espécies brasileiras, carinata, cristata, intermedia e melobesioides, dos quais apenas cristata é original do Brasil. Some-se a isso o fato de que estudos moleculares preliminares apontaram a existência de diversidade genética subestimada.

Não raro pode-se observar espécimes deste gênero fora d'água, especialmente em ambientes úmidos e abrigados da insolação direta. Nestas casos percebe-se os limites das placas na superfície, porém não se vê os canais aparentes na imagem acima, quando o espécie está relaxado debaixo d'água.

Maré subindo, água turvando, últimos momentos no Paraíso antes de partirmos para a triagem do material coletado. Humberto, Cristiana, Camille e Lilian, e ao fundo, Eduardo.

Como de costume, laboratório improvisado em mesas de bar ou restaurante, atendendo à demanda por informação dos curiosos menos tímidos. Às vezes não é possível fazer isso em finais de semana. Devemos ter ocupado umas 10 mesas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Algum comentário?