quarta-feira, 9 de abril de 2014

2a Expedição do PNPD - EXpedição POríferos do CE e RN (EXPO-CERN): Guamaré (RN)

04 Abr 2014 - Que trabalheira do Inferno foi programar essa visita à Guamaré! Foram dias de negociações com a Miami Pesca Oceânica e Natal Divers (ambas de Natal), muito solícitas, mas não deu. A 1a tinha o barco e a 2a a infraestrutura de mergulho. Porém, o somatório de custos de ambas era impraticável. Tampouco conseguiram nos oferecer contatos locais que pudéssemos usar para montar nosssa operação de mergulho em Guamaré. Vale citar aqui o porquê de nossa vontade de amostrar este local. Em 2008, o Prof. Guilherme Muricy (Museu Nacional/UFRJ) publicou um livro em colaboração com outros pesquisadores, tratando da taxonomia das esponjas da Bacia Potiguar (compreende parte dos litorais do CE e RN), e vários de seus pontos de amostragem estavam nas imdiações desta cidade. Em especial, queríamos, e acabamos não conseguindo, visitar a Risca das Bicudas, em busca de Leucetta floridana (Calcarea) para o trabalho de doutoramento de Báslavi. Outro aspecto importante é que sabíamos que a partir daí estaríamos amostrando em um área de reserva, a APA dos Recifes de Coral, em Maracajaú (RN), onde não tínhamos licença para bioprospectar. Desta forma, Guamaré aparecia como a última oportunidade de viabilizar uma coleta em larga escala para estudos químico-farmacológicos. Posteriormente, acabamos conseguindo realizar tal coleta em Natal mesmo, motivada em parte pelo insucesso da coleta em Gamaré. Não resta dúvidass entretando que Guamaré é uma exceleente via de acesso a ricos fudos de esponjas, sendo necessário apenas planejar tudo com bastante antecedência. O Prof. Jorge Lins (DOL/UFRN) havía-nos ofertado equipamento de mergulho, que podeerão ser de grande valia em uma próxima oportunidade, quando estivemos partindo de Natal. Vindos de Fortaleza, como era nosso caso, seria extremamente cotramão buscar os equpamentos em Natal. Já havíamos rodado uns 600 km em nossa carroça, e qualquer adição a este número seria uma tortura insuportável. Mas o importate é que restam muito poucas pontas sem nós para que possamos organizar nova expedição, ainda mais proveitosa que esta 1a EXPO-CERN.

O mapa abaixo ilustra o roteiro da expedição, parte do qual ainda se relatará nas próximas postagens do blog. Iniciamos por Fortaleza, onde alugamos a Kombi e nos abastecemos de algumas coisas que não havíamos despachado ou trazido do Rio. Por exemplo: etanol. Daí para Mundaú, de onde acesssamos também a praia de Flecheiras. Nos mudamos então para Taiba, onde amostramos o Porto do Pecém e recifes costeiros próximos às "famosas" grutas da cidade. Voltamos então brevemente à Fortaleza em 03 Abr para devolver o equipamento de mergulho que o Prof. Tito Lotufo gentilmente nos emprestara para o mergulho no Porto do Pecém, e que viajava conosco desdde o dia 28. No mesmo dia seguimos para Guamaré na mais larga travessia de carroça de nossa expedição, com direito a errar o caminho em mais de 100 km, chegando ao nosso destino por volta das 22:00h para ajeitar tudo para o importante mergulho do dia seguinte, sobre o qual já acertáramos um "briefing" com o Sr. Mário "de Lucila" para as 06:00h de 04 Abr. Em 05 Abr seguimos para Maracajaú, onde mergulhamos em 06 e 08 Abr. Dia 07 partimos para Natal às 05:00h para mergulhar no Batente das Agulhas, sem sombra de dúvidas a "cereja de nosso pudim". Que lugar foi aquele?! Resolvemos que merecíamos uma noite em um hotel de verdade, e no próprio dia 08 Abr partimos da Casa do Pesquisador, gentilmente cedida pelo IDEMA/RN, para um hotel que acabáramos de reservar em Natal.

Vista do porto de Guamaré, com a lancha que utilizaríamos para os mergulhos, bem no centro da imagem.

Para a turma que gosta de exibir uma corzinha, no caso Camille e Sula, a proa da lancha era o lugar ideal.

O Sr. Mario "de Lucila" (http://mariodelucila.blogspot.com.br/) conduziu a lancha que nos levou à Urca do Minhoto, plataforma desativada PAG3, e por fim aos pilares do Porto de Guamaré. Atrás dele, André e o marinheiro Gaspar. Mario trabalhou como mergulhador e supervisor de mergulho por 21 anos. Atualmente dedica-se à política, ao turismo e às causas conservacionistas. Procurem por ele também noYouTube.

Apesar da pinta, o "velho lobo do mar" só foi mergulhar nos pilares do porto. Enquanto a lancha balançou não houve jeito de contornar o enjôo. Acabei ficando de fora da Urca do Minhoto e da plataforma desativada, o que certamente contribuiu para o resultado pífio em termos de amostras coletadas.

Recém eleita Musa EXPO-CERN, Camille vestiu literalmente a camisa TAXPO, e aqui mostra que apesar dos grandes esforços para alcançar os locais de coleta, por vezes mais carregados que uma mula (nossa Kombi Carroça que o diga!!), sempre sobra um tempinho para contemplar a beleza do trabalho de um biólogo, frequentemente tão mal compreendido.

O Sr. Mário "de Lucila" não quiz deixar a expedição passar em branco, e pediu ajuda à Báslavi para registrar alguns momentos de nossa faina para divulgação no YouTube. Espero que nos avise ...

A lancha era relativamente pequena, mas muito bem motorizada e comportou tranquilamente a nós, tripulação, isoporzão e compressor de mergulho. Não teríamos cilindros de mergulho nesta localidade, mas o Mario havia posto seu compressor em ordem para que pudéssemos mergulhar. Afinal, não somos como ele que faz caça aos 18-20 m de profundidade no fôlego. Aqui a lancha já pairava sobre a Urca do Minhoto, um afloramento rochoso (recife?) ditante cerca de 30 km da costa, onde, segundo ele, quando o mar está realmente alto, há quem queira alcançar para surfar.

Ircinia strobilina, uma das poucas esponjas coletadas na Urca do Minhoto. O compresor serviu à Baslavi que teria mergulhado comigo, mas acabou fazendo dupla com o Mario, após as avarias em meu sistema de equilíbrio.

Outra esponja: Amphimedon sp., também coletada por Báslavi, que infelizmente não encontrou suas desejadas Leucetta floridana. Que pena: teremos que voltar para procurar mais ... ;-)

Não se obteve nenhuma esponja neste local. Seguramente porque o mar se movia muito e a grande quantidade de ostras e cracas na estrutura da plataforma PAG3 não permitia aproximação isenta de riscos. Báslavi que o diga ... cortou-se feio no local, infelizmente.

Finalmente, o Porto de Guamaré. A profundidade não passava de 3-4 m, mas o uso do compressor foi crucial para mapear detalhadamente o fundo do local. As esponjas ocorriam entremeadas entre sí, e a outros organismos, os maiss diversos, resultando muito difícil coletá-las limpas para estudos bioprospectivos. Nesta foto, Haliclona manglaris - raminhos verdes. Percebe-se também a grande quantidade de sedimento fino. Interessantemete, a turma que ficou na apnéia acabou encontrando algumas esponjas que não se via no fundo. Algumas delas, fora d'água.

Uma possível Haliclona implexiformis coletada pelo André.

Possivelmente Dysidea etheria (azul arroxeada) e Haliclona manglaris (verde amarelada).

Eis um companheiro que deu as caras em algumas oportunidades nesta expedição. Aqui em Guamaré este polvo havia cavado um tunel com uns 50-60 cm de profundidade no sedimento para esconder-se, porém a curiosidade com os acontecimentos ao seu redor o mantinham na boca do buraco.

Por fim, decarregar a lancha, carregar a Kombi, achar um lugar para almoçar antes que anoitecesse, voltar para a pousada e preparar tudo para a viagem à Maracajaú no dia seguinte. Mais uma etapa cumprida. Atrás de André e do marinheiro Gaspar, o compressor que utilizamos nos mergulhos.

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